quarta-feira, 21 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O luxo e seus produtos



Sempre que posso me dedico a estudar e conhecer melhor o mercado que inevitavelmente fazemos parte, o mercado de luxo!
A caminho da Europa para divulgar o meu livro, me instalei em Madri, Paris, Dusseldorf, Berlim e Frankfurt nas principais “artérias” do luxo em cada cidade.
Entrar, observar e quando possível, comprar (afinal, atrás dessa pesquisadora existe uma mulher!).
Calle Serrano, Königsalle, Saint-Honoré, Boulevard Saint-Germain......endereços de luxo não faltam!
Mas dessa vez, vou falar dos produtos.
Casada com um amante de vinhos e a poucas horas da Região da Champagne, não poderíamos deixar de visitar algumas Caves. Afinal, depois de tanta Chanel, Prada, Bulgari, estava na hora de um programa, digamos, um pouco mais masculino.
A denominação Champagne é uma "appellation d'origine contrôlée" (denominação de origem controlada). Só podem se chamar champanhe vinhos espumantes produzidos a partir das uvas chardonnay (brancas) e pinot noir e pinot meunier (escuras) plantadas na área de 26 mil hectares delimitada dentro da região francesa de Champagne, respeitando uma série de normas do Instituto Nacional de Certificações de Origem. Embora o processo de produção seja quase o mesmo ou, em alguns casos, exatamente igual ao de outros espumantes, é a tradição da região que determina o que pode receber o selo de "champanhe".
E assim, como em qualquer produto de luxo a origem pode fazer toda a diferença.
Ao entrar na Moët & Chandon não deixei de analisar nenhum detalhe (decoração, programação visual, atendentes, uniformes.....tudo!)

Durante o tour pela cave a nossa guia explicou que a colheita, feita sempre no mês de setembro, deve durar 3 semanas em toda a região da Champagne, e no caso da Moët & Chandon, 2 semanas. A colheita deve ser feita a mão.
A partir de uma meticulosa mistura que pode incluir os vinhos feitos com os três tipos de uvas da região, os enólogos vão buscar a proporção perfeita para o equilíbrio e o sabor do seu champanhe. Após a primeira fermentação simples, há uma segunda fermentação nas mesmas garrafas, inclinadas em 90 graus e giradas para levar os sedimentos até o gargalo, manualmente (remuage). Depois o sedimento é removido (dégorgement), é adicionado o licor de expedição (constituído por uma mistura de vinho de Champagne e açúcar em quantidade variável) e as garrafas fechadas com as características rolhas de Liège. O emprego de uma trança de arame segurando a tampa de cortiça ao fechar as garrafas permite que o recipiente suporte a forte pressão do gás produzido pela segunda fermentação. O Champagne é envelhecido por 2 a 4 anos, no caso da Moët & Chandon, e 7 a 14 anos para a Dom Pérignon, antes de o produto final ir para as prateleiras.
O vinho mais representativo de um produtor costuma ser o Champagne Brut Non-Vintage, produzido habitualmente pela mistura de vinhos de diferentes safras, alguns bastante antigos (vinhos de reserva); a seguir, o Champagne Vintage, onde se usam uvas de uma única safra, produzido somente em anos de excepcional qualidade.
Comparei o processo com as criações de pérolas.


Nas pérolas do Tahiti e South Sea, o criador deve esperar de 2 a 3 anos para fazer o enxerto, ou seja, colocar um núcleo em uma ostra para que ela comece a produzir a pérola.
Esse trabalho é extremamente difícil e feito ostra por ostra manualmente.
Depois, o criador precisa esperar mais 2 ou 3 anos para retirar a pérola da ostra.
Em cada 3 ostras nucleados, ou seja, que receberam o núcleo, apenas dois sobrevivem ao processo. Dos sobreviventes, apenas ¼ produz pérolas cultivadas. E, somente, uma em cada quatro tem alta qualidade.
Mas, e as bolsas?!? Por que uma bolsa Louis Vuitton custa tão caro?
Toda bolsa Louis Vuitton é feita até hoje por artesões franceses, com matéria-prima exclusiva e em apenas 7 fábricas da Louis Vuitton.
Os “produtos de luxo” prezam em primeiro lugar a qualidade máxima de seus produtos.
São produtos exclusivos e em raríssimos casos, únicos.
Não confundam, produtos exclusivos com produtos únicos.
Mas é claro, que para uma Moët & Chandon, uma Prada ou Louis Vuitton chegar ao topo das marcas de luxo é importante investir na divulgação, no marketing!
Mas isso fica para o próximo assunto!